domingo, 29 de junho de 2008

Fragments of "The Awakening" - kate Chopin

"It was not despair; but it seemed to her as if life were passing by, leaving its promise broken and unfulfilled."

"The bird that would soar above the level plain of tradition and prejudice must have strong wings. It is a sad spectacle to see the weaklings bruised, exhausted, fluttering back to earth."

"She felt as if a mist had been lifted from her eyes, enabling her to took upon and comprehend the significance of life, that monster made up of beauty and brutality. But among the conflicting sensations which assailed her, there was neither shame nor remorse. There was a dull pang of regret because it was not the kiss of love which had inflamed her, because it was not love which had held this cup of life to her lips."

"Exhaustion was pressing upon and overpowering her"

The Awakening - Kate Chopin - Parts of Chapter 25,27, 28 and 39

Eu oro com a Clarice Lispector.

Meu Deus, me dê a coragem - Clarice Lispector

Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.


E eu digo: Amém!

Em algum lugar onde nunca estive - e.e.Cummings

Eu vivo tendo umas experiências interessantes com poesia. Hoje depois de receber um telefonema de alguém muito especial, a primeira frase de um poema do Cummings ficou se repetindo na minha cabeça como um toque de piano. Ai eu fui lembrando da poesia inteira e entendi o que me "faz compreender a voz dos olhos". Taí a poesia! Belissíma!


"nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera
abre (tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa

ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente,
de repente,assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;

nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade: cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira

(não sei dizer o que há em ti que fechae abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas"

(tradução: Augusto de Campos)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A benção

"Que o caminho seja brando a teus pés... O vento sopre leve em teus ombros... Que o sol brilhe cálido sobre tua face... As chuvas caiam serenas em teus campos... E até que eu de novo te veja, que os Senhores te guardem nas palmas de Suas mãos".....

Eu, Eliot, o tempo e o limite.

(...) "No imóvel ponto do mundo que gira. Nem só carne nem sem carne.
Nem de nem para; no imóvel ponto onde se move a dança.
Mas nem pausa nem movimento. E não se chame a isto fixidez,
pois que passado e futuro aí se enlaçam. Nem ida nem vinda,
Nem ascensão nem queda. Exceto por esse ponto, o imóvel ponto,
não haveria dança e tudo é apenas dança.
Só posso dizer que estivemos alí, mas não sei onde,
Nem quanto perdurou este momento, pois seria situá-lo no tempo.
A liberdade interior do desejo prático,
A fuga da ação e do sofrimento, a fuga da compulsão
Interior e exterior, ainda que cingidas
Pela graça dos sentidos, uma luz branca imóvel e movediça,
Erhebung estática, concentração
Sem exclusão, ao memso tempo um novo mundo
E outro antigo agora decifrado, compreendido
Na íntegra de seu êxtase parcial,
Na resolução do seu parcial horror.
Contudo o encadeamento de passado e futuro
Entretecidos na fragilidade do corpo mutável
Preserva o homem do céu e da condenação
A que nenhuma carne poderia suportar.
O tempo passado e o tempo futuro
Não admitem senão uma escassa consciência.
Ser consciente é estar fora do tempo
Mas somente no tempo é que o momento no roseiral,
O momento sob o caramanchão batido pela chuva,
O momento na igreja cruzada pelos ventos ao cair da bruma,
Podem ser lembrados, envoltos em passado e futuro.
Somente através do tempo é o tempo conquistado.
Trecho de Burnt Norton II parte in "Os quatro quartetos" - T.S. Eliot